Rio - Marjorie Estiano e Camila Pitanga são mulheres modernas. Elas vivem personagens transgressoras, mesmo em uma novela de época,‘Lado a Lado’, a nova trama das 18h, de João Ximenes Braga e Claudia Lage, no ar a partir de amanhã, na Globo. Na história, Marjorie é Laura, nascida em berço de ouro, mas que não se conforma só com o luxo e a riqueza. Seus sonhos vão além de um casamento e filhos. É revolucionária. “Eu também nunca pensei em ser mãe como uma necessidade. Mais nova, eu queria ter três filhos, me casar, mas o pensamento foi se modificando, outras coisas foram chamando mais a minha atenção. Não que isso tenha se acabado, mas nesse momento eu não quero. Fora que precisa ter uma boa estrutura para receber uma criança. A responsabilidade é muito grande”, diz.
Camila interpreta Isabel, filha de ex-escravo, que trabalha desde os 14 anos como empregada doméstica na casa de Madame Besançon (Beatriz Segall), com quem aprendeu algumas palavras em francês. O idioma, Pitanga tira de letra. “Eu já estudei um pouco, não falo fluentemente, mas sei me virar”, conta.
A amizade das personagens é o tema central da trama. “Tenho boas amigas, de longa duração. No caso de Isabel e Laura, acho bonito porque nem sempre elas concordam. Acredito que uma amizade verdadeira não é aquela em que você adere a tudo o que a outra faz. Também é importante criticar, no sentido de trocar, de pensar junto. Elas defendem mais a questão da mulher nas ações do que no discurso. Laura dá aula, Isabel trabalha por uma questão de sobrevivência, não só de política”, explica Camila. Em vez do preconceito, a atriz prefere focar na afirmação do negro. “Mas ainda existe racismo”, afirma.
Se Isabel tem certeza do amor que sente por Zé Maria (Lázaro Ramos), Laura e Edgar (Thiago Fragoso) se casam sem desejarem. Mas, durante o convívio, redescobrem o amor da adolescência. Tal qual a personagem, o dia a dia também já transformou uma amizade de Marjorie em algo maior. “Foi com o meu ex-namorado (o músico André Aquino). Comecei a vê-lo de maneira diferente, passei a enxergá-lo mais como homem. A gente trabalhava junto e com o tempo a amizade acabou virando admiração, paixão. Não acredito em amor à primeira vista”, pontua.
Naquela época, as relações eram mais conservadoras. Com a modernidade, veio a liberdade sexual. Para Marjorie, algumas pessoas têm confundido essa conquista com a banalização do sexo. “O que me choca é a liberdade sexual que vira libertinagem. Não acho que o homem tem que pegar todas, nem a mulher sair transando com qualquer um por aí. Mas ainda está impresso na nossa cultura o machismo de que ele é o garanhão e ela, a galinha. Claro que todo mundo tem o direito de fazer o que tiver vontade. Mas eu não curto o ato sem respeito próprio. Não acho saudável. Acredito que é mais para ser visto do que para se realizar”, avalia.
A ousadia da personagem de enfrentar tudo e todos foi o que mais seduziu a atriz: “Ela segue o que tem vontade de fazer, tem instinto empreendedor de querer mover, realizar alguma coisa”.
Fonte: odia
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